Deus Lhe Pague Testo

(Gilberto Gil - Chico Buarque, 1973)
Pai, afasta de mim esse cݡlice
Pai, afasta de mim esse cݡlice
Pai, afasta de mim esse cݡlice

De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silݪncio na cidade nݣo se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta forݧa bruta
Como Ý© difÝ­cil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lanݧar um grito desumano
Que Ý© uma maneira de ser escutado
Ese silݪncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneݧo atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a proca jݡ nݣo anda
De muito suada a faca jݡ nݣo corta
Como Ý© difÝ­cilo, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homݩrico no mundo
De que adianta ter boa vontgade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bݪbados do centro da cidade
Talvez o mundo nݣo seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu prݳprio pecado
Quero morrer do meu prݳprio veneno
Quero perder de vez tua cabeݧa
Minha cabeݧa perder teu juݭzo
Quero cheirar fumaݧa de ݳleo diesel
Me embriagar atݩ que alguݩm me esqueݧa
Andrݩ Velloso - Rio de Janeiro, Brazil
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